Córtex profundo
(as parábolas ofuscantes com ou sem nexo de
um predador de palavras)
Num túnel fechado de luzes…
Perdi o perdigão,
O assomo necromante tomou
Conta de mim,
Lembrei-me dos camões,
Esse poeta luxuriante,
Enganador de corações
Que tanto escrevia ou dizia poemas
como esvaziava os colhoes
Que dizia “perdigão perdeu a pena
Não há mal que não lhe venha “
Pois é! perdi a minha
sorte …
E agora! que filha da puta de azar de morte…
Mas foda-se, e já que CARALHO não é palavrão,
Pergunto! alguém sabe o que é o tesâo ?
Disseram-me que o tesao é criminoso
Que se acorda, e temos que mijar leitoso,
JÁ Mortui vivos docent
“Mortos que ensinam os vivos”
É melhor mijar assentado…
Porque senão respinga para todo lado…
Vulnera incisa scissa
Corte profundo
Não puxei as cuecas mijei me
Fiquei imundo…
Córtex abyssi
Caio na cama… outra vez no submundo
Afogo a almofada por mais umas horas, um segundo
Incendeio o leito com roncos de respeito profundo
Tenho pesadelos, sou caçado por castanhas gigantescas
De repente entro em sonos, de bestas animalescas
Irradiado por gregos mitológicos de crono
Onde hipnos é o deus
grego do sono
Jovem alado inebriante frequentemente associado
A papoilas na cara, no cú, e pelas nossas mãos castrado
Hipnos será gémeo da morte e filho
Da puta da escuridão
Mas, foda-se onde estão os cines negros
Quero-lhes cantar uma oração
Se calhar cagaram-se de medo
E fugiram,
Dependurado ensino o a arte do opulento
De ser sedento, agoirento e fantástico,
Ao mesmo tempo
Aqueles desertores aqueles canalhas
Do enguiço
Roubaram-me a alma
Fizeram me um feitiço
Queira ele que esteja sorumbático
Que lhe Foda os pecados, que o torne abstrato
A luz do perdigão repousa
O corpo parece acordar, mas ousa
Levantou-se esquecido, cheio de gemido
Lembrou-se do sonho, o que é uma cona?
“é um passarinho sem asas,
É Um bocado no céu, em brasas,
É Um voo fascinante, um arrepio alucinante
É Uma poesia fulgurante, é o amor, é um diamante,
No empalar de murais ao amanhecer
Fica-se refém do que vai acontecer
Dei-lhe com bula nas trombas
Não fodas mais! quero é adormecer…
Em comunhão espiritual, confesso que não foi vinho
Foi sim! um remédio zinho brutal, que me adormeceu a alma
E me tornou num animal…
Animal dependurado num córtex profundo
Cornaca de médium que tornou moribundo….
Hernâni Guedes
EM 23 OUT 2018 / EXCIBIDO E DECLAMADO
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