TERRA ÚNICA
(AMOR DE MULHER)
C
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CÉLIA-Desejo
eu, quero abrir-te e cheirar
Estas uvas de poesia nos meus seios!
Andaram todos a vindimar,
Todos a cortar cachos pelo veio,
foram horas e dias de um ano germinar
boas sementes e versos de presenteio
Estas uvas de poesia nos meus seios!
Andaram todos a vindimar,
Todos a cortar cachos pelo veio,
foram horas e dias de um ano germinar
boas sementes e versos de presenteio
DELFA-Na ramada madura da Palmira e do Afonso
Não há fronteiras, muros, nem dono,
Há de sempre existir, alegrias, sorrisos e responso
E Nunca e jamais, volúpias do sono
Da videira velhinha e intemporal,
Não será nunca motivo abandono
Terá e brotará sempre persistente, sempre fenomenal
XANITA-Mas de asas que ventos agrestes agite,
Neste poema da confraria da tocha que se cantem
Será por graças e será por limite
Que nossos pendões e estandartes se levantem
Na fé, nas vontades e na força se ressuscite
Toda identidade, envolvência, e magia que se… grite!
GISELA Casou-nos o presidente, aquele, o mito!
E cada imagem que nos vem
É um hieroglífico seu, ou um grito
Em Que eu apenas o repito
Em melodias que os poemas têm
DANIELA-Terra única, amor de mulher acanhada
No berço, na génese, na criação!
Seja livre e fecunda a alvorada,
Seja sagaz única o entorno da adoração,
Nada se fecunda sem chão, nada,
Que não se fermentam, vinhos, sem inspiração!
CÉLIA-E
por isso te engasguem de encantos
E vos lanço nos braços desta colheita
Paulos, Duarte, e outros, que haveis de parir recantos
Poesia de uvas, amável, receita
Fruto maduro cantado de forma perfeita
E vos lanço nos braços desta colheita
Paulos, Duarte, e outros, que haveis de parir recantos
Poesia de uvas, amável, receita
Fruto maduro cantado de forma perfeita
ROSA-Terra única, a vossa mulher!
Um amor quase perfeito, um aceno
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno,
A loucura formidável do prazer
DELFA-A carroça das uvas em que se concebe
Um bago que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.
Fruto da videira pura,” esta coisa… vinho,
Sem saber, durmo… será este caminho…
GISELA-Terra, minha canção alucinada!
Ode a deus BACO erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!
E ao gosto de beber, havemos de brindar esta
criação….
Xanita-Porquê, não bebes agora, que te quero
E adias esta clemencia
Prometes-me no magusto e eu desespero
A castanha é o disfarce da tua impotência…
ROSA-Hoje, por aqui, já, agora, neste momento,
Ou então nunca mais.
A premissa do alento é o desalento
Este desejo, no limite, dos mortais
Não penses mais, queres beber ou comer mais!
Chega de castanhas, és lambão, ou não!
XANITA-Deixem me passar
Já que ele não responde, estou cansada
Deixem me passar
A mim! vou cheia de noite, mas ainda vou festejar
Deixem me passar, e não lhe digam nada
Deixem me passar
A mim! vou cheia de noite, mas ainda vou festejar
Deixem me passar, e não lhe digam nada
rosa-Deixem me que vou apenas
Beber vinho de sonho na bica desta fonte;
tenho calores de fogo nas penas
vou apanhar ar no jardim do monte
que só ele, sabe, olhando o horizonte.
gisela-Vim para terra de todos, onde mora
E onde voltarei depois de amanhecer.
Deixem-me, pois, passar, agora
Quero me aliviar do castanhedo sem demora
CÉLIA-Nós
as designadas confradinas viemos para aqui ler
Aturar o nano meu marido, que não é fácil de satisfazer
Quis ele, que lesses-mos em voz alta, o poema, que
escreveu
Fico aliviada, quando o nano, já se adormeceu
Este magusto da confraria tem tudo, para descarrilar
Vamos fazer de conta, raparigas! que estamos a gostar!
A seguir vão
fazer a queimada! e nós vamos provar um bocado…
Sem que ele veja, deitamos fora ou atiramos para o
lado!
DANIELA-
A queimada é muito forte, e de ler, não há paciência
Tens razão Célia, vamos é disfarçar para o pai não
desconfiar
Vamos acabar de falar na sua insistência em fazer
poemas,
para esta
audiência…
O meu pai é o meu pai não á volta a dar, insiste e
continua…
Vou, mas é falar com meu namorado “João” para o meio
da rua.
DELFA-
Sou suspeita para falar (do nano) prefiro não me pronunciar
Digo apenas que leio com agrado, aquilo que vos estou
a apresentar
Já cantei no karoke, fiz km a pé e encanta-me o grupo
do gone
Mas se não vos importais, vou comer, estou com fome!
E agora que acabei de ler, vou ali para aquele
cantinho
A todos vocês da confraria da tocha, um bom são
MARTINHO
Escrito por Hernâni Guedes 23 out
Declamado 10
novembro, tocha” não tenham medo”
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