Poema do tenso entesado
Acoberto de merda, escondi-te na verdura,
O teu regaço consolado, fervia de alvoroço,
O teu peito aberto de ternura, num só destroço,
O meu medo desceu da vergonha, á cintura;
Num cerimonial éden de jardim, aí …esta menina, tao mansa
deitada num lençol de jasmim, num mármore de algodão,
por detrás dos arbustos cetim, rosnamos, á bulha de leão
deu-me cachos maduros plantados, mergulhei na esperança
Não interessava já, de estarmos a ser destemidos
com gozos sensoriais, apalpando doces
desejos
Esquecendo os demais, desmaiando de festejos
E a loucura era profana ,não seriamos compreendidos.
Nós não dominamos as debruças sobre joelhos
aquela velha sebenta de semânticas de contos
Aqueles mistérios de bruxas ou lobisomens velhos,
Feitiços e
encantamentos medonhos em desencontros
Outras vezes buscando distração,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiros,
Formando unicamente um coração.
Eu posso ver os seios teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura.
Eu posso, se quiser, cheio de manha,
Sondar, quando vestida, pra dar fé,
A tua camisinha de Vénus embalada
Pedindo para ser
enrabada,
Ornada de crochet.
Posso sentir-te em fogo, escandecida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de verão.
Eu posso, com valor de que nada teme,
Contigo preparar faustos festins,
E ajudar-te a fazer o leite-creme,
E os melosos pudins.
Eu quero e posso dar-te, tudo, tudo,
Dar-te a vida, o calor, dar-te beirão
Urros de amor, vestidos de veludo,
ou um saque em notas de milhão
E até posso com ar de rei, que o sou!
Dar-te cautelas brancas, minha pombinha,
Daquela sorte grande que passou,
ao lado da realeza tao limpinha
Já viram, pois, que podemos viver juntos,
Nos mesmos aposentos confortáveis,
Comer dos mesmos bolos e presuntos,
E rir dos miseráveis.
Nós podemos, nós dois, por nossa sina,
Quando o Sol é mais Rúbrio e escarlate,
Beber e comer na mesma chávena da China,
aquele fondue nosso de chocolate.
Podemos até, noites bem-amadas e cansadas
Dormir juntos de um modo, guerrilheiro e bélico
Com as nossas cabeças extra repousadas,
No mesmo travesseiro com um copo de frangélico
Posso ser teu amigo até à morte,
Sumamente amigo! Mas por lei,
Ligar a minha sorte à tua sorte,
e disso nunca abdicarei!
Eu posso amar-te como o jesus amou,
Seguir-te sempre como a luz ao raio,
Mas ir, contigo, à igreja, isso não vou,
nem nessa é que, eu não caio!
.
Foste o meu amor sereno...
Inda o licor formoso, amando
Que às belas margens um lindo ano;
O sol luzente à flor, cantando.
Que eras a flor esplêndida...
O ar silente à luz, amando
À vargem, que a noite florida
Eras o olhar perfeito, cantando.
ainda és bela volúpia em leito;
Ao teu doce corpo em que o beijei
Que o fogo eterno ao doce coito,
Ao vosso delírio em que o tomei!
O fogo ardente à flor, amando
Que eras a bela ninfa à noite;
O alvor perfeito à luz, cantando
Como eras o fogo inocente...
A tua ardentia em que a amei,
O lampejo esse doce castelo...
Dá-me o sonho delirante ao estalo!
Ao doce castelo em que fui rei!...
Dá-me o leito deleitoso ao beijo,
Ao doce transe em que o senti
Que eras o amor fogoso sem pejo,
Ao corpo ardente em que te vi!...
O mar eterno à flor, amando
ainda eras o belo castelo, meu amor!
A flor serena ao mar, cantando
Eras o leito perfumoso de ardor!
Descaímos todos, mas permanecemos invictos á pressa
Deitamos como penas levantamos nos como lobos
Anúncios no medo e ilusões de vitória ou promessa
Avidez lúdica intermitente, cena de humor de bobos
Vamos comer barbitúricos e lamber contradições
Vamos foder como nunca e adiar a maldição
Encontremos a língua desgastada e cheia de intenções
Evoquemos toda linhagem das gentes desta nação
Escrito por hernani guedes
Declamado por Célia Guimarães , Paula Fernandes, rosa loureiro,
Daniela guedes, delfina Cidália, em 25
julho 2020
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